Letícia Fagundes
Ricardo Almeida é o estilista preferido de muitos homens. Há cerca de 30 anos trabalhando no mundo da moda, ele faz ternos de cortes modernos e ousados que chegam a custar mais de R$ 3 mil! Ele inaugurou a segunda unidade do Instituto Ricardo Almeida, uma escola profissionalizante voltada para a indústria de confecção. Nós fomos até lá e conversamos com o esse consagrado profissional sobre o mercado de trabalho na área.
Para conferir a entrevista completa com Ricardo Almeida, clique aqui.
Catho Notícias: Ricardo, a gente está dentro de uma das salas dessa segunda unidade do Instituto Ricardo Almeida. Qual o principal foco deste projeto, que já virou uma realidade?
Almeida: "A formação profissional para máquinas de costura industrial. Além de a gente trabalhar ao lado da pessoa, tanto homens quanto mulheres, trabalhamos também a auto-estima. Tendo um lugar super bem montado, limpo, a pessoa aprende o lado de higiene, por exemplo, porque não pode ter linha caindo no chão. E também o lado social. Formamos na outra unidade senhoras acima de 70 anos, e no primeiro lugar em que elas foram fazer teste conseguiram emprego. Então, a gente trabalha além da formação profissional, a auto-estima da pessoa, um lado de convivência geral."
CN: Ainda falta mão de obra especializada neste mercado?
Almeida: "Ainda falta não. Não tem mão-de-obra especializada. Se faltasse ainda estava bom. É uma coisa muito diferente. Quando eu ponho um anúncio para costureira, não aparece ninguém. É um problema complicado."
CN: A gente pode considerar que o Instituto é uma espécie de embrião de um grande sonho do qual você sempre fala, que é a Universidade?
Almeida: "É, é um começo. Na realidade, um dia comentei com o Zé Carlos, da Microlins, meu cliente, que ia montar uma faculdade porque aqui no Brasil eu não acho que exista realmente uma faculdade bem montada na parte de Moda. E aí ele falou: 'Por que você já não monta uma escola profissionalizante agora, que é mais fácil, tem menos gasto?' Aí eu achei interessante, até pelo lado social, que eu acho importante, e acabamos montando. Felizmente, deu certo."
CN: Agora, vocês já estão com planos de inaugurar outras franquias ainda este ano em outras regiões de São Paulo. Ou seja, a expectativa é boa?
Almeida: "A gente tem muita segurança do que fez. A gente está trabalhando há um ano em Itaquera, uma unidade que a gente teve que fazer um trabalho muito mais difícil. Porque além de ser um começo, não é uma zona de confecção como aqui, no Bom Retiro. Então a gente aprendeu pelo mais difícil para vir agora no mais fácil. E agora, dentro do mais fácil, a gente quer fazer com que a escola em quatro meses esteja lotada e partir daqui a 60 dias para novas unidades."
CN: Como você analisa a moda brasileira atualmente, Ricardo?
Almeida: "Bom, tem havido um grande desenvolvimento nesses últimos dez anos. As confecções e os criadores que antigamente, 20, 30 anos atrás, copiavam muito o que havia lá fora hoje criam. Há vários nomes muito fortes no Brasil realmente criadores, e não copiadores. Então, eu vejo vários estilistas vendendo no mercado internacional. O problema é que falta mão-de-obra qualificada para poder dar suporte para as exportações. Quando você fala em volumes pequenos até é possível, mas se vier alguém querendo comprar 100 mil peças, não há quem produza aqui no Brasil. É complicado. A nossa idéia é um dia poder fazer isso. Não adianta você ter criadores, idéias, condições de compra de tecido e não ter quem produza."
CN: Você acha que as pessoas se vestem melhor do que antigamente, preocupam-se com isso?
Almeida: "As pessoas, além de se preocuparem, às vezes não têm muito tempo, e se tiver o suporte de um profissional, facilita bastante."
CN: Agora para terminar, Ricardo: todo mundo lhe pergunta isso, mas, afinal, um homem de bom gosto, um homem elegante?
Almeida: "Um homem elegante é um homem que está adequado na maneira de se portar e de se vestir, adequado ao lugar aonde vai. Se eu estiver de terno e gravata na praia de Copacabana, ao meio-dia, tomando uma água de coco, no meio da areia, eu não vou estar elegante, porque elegância também envolve atitude. Não adianta você ir fazer um trabalho social e chegar lá de Ferrari e jóias, não faz sentido. É preciso saber que para ser elegante não se pode agredir as pessoas que estão ao seu redor. Ser elegante é você saber como se portar em cada lugar que você está indo, tanto na roupa quanto na atitude."
Disponível em: Catho Notícias
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